Orelhões resistem no interior de SP e ex-instalador relembra auge do telefone público: 'Tinham filas para fazer ligação'
27/10/2025
(Foto: Reprodução) Telefones de Uso Público têm queda constante, mas resistem no Oeste Paulista
Os telefones de uso público, mais conhecido por "orelhões", que já foram símbolo de comunicação nas ruas brasileiras, estão cada vez mais raros no país, e não é diferente no Oeste Paulista.
Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em Presidente Prudente (SP) ainda existem 160 aparelhos instalados, sendo 157 ativos e três em manutenção.
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Apesar da pouca presença, o cenário é de despedida, já que com o avanço da telefonia móvel e a popularização da internet, o uso dos telefones públicos caiu drasticamente nos últimos anos.
Em entrevista ao g1, o ex-funcionário da Telesp, Laudelino Bezerra de Queiroz, de 71 anos, relatou que trabalhou por mais de duas décadas instalando e consertando telefones públicos em várias cidades do interior.
Natural de Marabá Paulista, ele entrou na empresa em 1976 e se aposentou em 2003, já vendo o início do declínio dos orelhões.
"Eu era instalador e reparador dos orelhões. [Eles] Eram a única maneira das pessoas se comunicarem nas ruas fora das residências, pois não existia celular. A procura era muito intensa, tinham filas para fazer ligação", lembrou Laudelino.
Orelhões localizados na Avenida Tancredo Neves, em Presidente Prudente (SP)
Enzo Mingroni/g1
O ex-funcionário da Telesp, que viveu a era de ouro dos telefones públicos, ainda conta que o trabalho exigia esforço físico e técnica.
"Na época usávamos escadas de extensão, cinto de segurança, capacete e as esporas, que eram usadas para subir nos postes de madeira", disse.
Segundo a Anatel, cidades da região ainda contam com telefones públicos ativos. Veja alguns números atualizados referentes a agosto de 2025:
Telefone de Uso Público no Oeste Paulista (2025)
A agência explica que a manutenção dos orelhões só é obrigatória em localidades sem competição adequada, ou seja, onde não há cobertura de serviço de voz móvel. À medida que as operadoras expandem o sinal de celular, a exigência é retirada.
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Orelhão localizado na Rua Antônio Rodrigues, em Presidente Prudente (SP)
Enzo Mingroni/g1
Futuro dos telefones públicos
Em nota ao g1, a Anatel confirmou que o uso dos telefones públicos vem caindo de forma contínua em todo o país, substituído por serviços de telefonia móvel, banda larga fixa e aplicativos de voz e vídeo.
A agência destacou que, com o fim das concessões de telefonia fixa e a migração para o regime de autorização, as operadoras não têm mais obrigação legal de instalar ou manter orelhões, exceto em áreas sem cobertura de celular.
A tendência é que desapareçam de vez até 2028, prazo limite definido para as localidades onde ainda não há cobertura de serviços de voz.
Por fim, para quem viveu a era dos orelhões, cada ligação era um pequeno evento. Mas por agora, eles seguem resistindo mais do que o esperado.
"Na minha opinião, a tendência é acabar e já teria que ter acabado. Eles não têm mais necessidade de muita manutenção. Agora qualquer criança tem um celular na mão, então não há mais necessidade de telefone público", expressou Laudelino.
Em Presidente Prudente, 157 orelhões ainda estão ativos
Enzo Mingroni/g1
Em Presidente Prudente, 157 orelhões ainda estão ativos
Enzo Mingroni/g1
Em Presidente Prudente, 157 orelhões ainda estão ativos
Enzo Mingroni/g1
Orelhões localizado na Rua Das Guarucaias, na Cohab, em Presidente Prudente (SP)
Enzo Mingroni/g1
Orelhão localizado na Rua Uchôa Filho, próximo a Unesp de Presidente Prudente (SP)
Enzo Mingroni/g1
Em Presidente Prudente, 157 orelhões ainda estão ativos
Enzo Mingroni/g1
*Colaborou sob supervisão de Stephanie Fonseca
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