Com fé e açúcar: devota transforma promessa em tradição com doces em formato de Santo Antônio

  • 13/06/2025
(Foto: Reprodução)
Tradição começou como promessa e hoje mobiliza voluntárias durante a trezena do santo casamenteiro. Receita virou símbolo de fé e solidariedade e auxilia na manutenção da Basílica de Santo Antônio, em Vitória. Devota transforma promessa em doce tradição com 'Santo Antoninhos', em Vitória Nos dias que antecedem o dia de Santo Antônio, quem passa pela Basílica dedicada ao santo, em Vitória, encontra mais do que orações e missas. Uma tradição doce e cheia de fé atrai fiéis e curiosos: os "Santo Antoninhos", docinhos artesanais em formato do santo casamenteiro, feitos por um grupo de mulheres voluntárias. O dia do santo é nesta sexta-feira, 13 de junho. 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp A iniciativa, que completa 11 anos em 2025 — com pausa apenas em 2020, devido à pandemia — nasceu de uma promessa feita pela servidora pública Adila Damiani. "Meu filho, Lucas, estava no ensino médio e resolveu que queria fazer Medicina. Então, prometi que faria alguma coisa para ajudar a arrecadar recursos para a manutenção da Basílica se ele passasse em uma universidade federal", contou. Devota transforma fé em fonte de renda para mulheres com docinhos em formato de Santo Antônio, em Vitória Redes sociais Foi assim que surgiu o Santo Antoninho. A receita leva recheio de leite condensado e um docinho de leite em pó como cabeça. Mas, segundo Adila, o verdadeiro diferencial está nos detalhes e na intenção por trás da produção. "Queria uma coisa que fosse diferente, que fosse motivo de alegria, e fui também pensando nos meus dons. Aí, a minha filha trouxe um docinho parecido de um casamento em que ela foi e eu adoro fazer comida. Foi a inspiração. Guardei a foto e fui colocando o meu toque, um detalhe, florzinha, coração, pra ficar mais atrativo", lembrou. A servidora pública, Adila Damiani, criou o grupo "Abelhinhas de Santo Antônio", que produz voluntariamente docinhos com o formato do padroeiro de Vitória, Espírito Santo. Arquivo pessoal União de esforços Nos primeiros anos, Adila produzia sozinha os doces santos. Mas a pandemia da Covid-19 acendeu um alerta. "Em 2020, não teve as barraquinhas de quermesse. Fiquei pensando: 'e se eu morrer, quem vai continuar a tradição?'. Até por que virou tradição muito rápido. Então, fiquei com isso muito forte dentro de mim. E aqui na região tem muita gente que precisa de trabalho. Queria pensar numa ideia de disseminar a receita e que fosse também uma forma de geração de renda para as mulheres", explicou. A partir daí nasceu o grupo "Abelhinhas de Santo Antônio", em 2021, que hoje conta com cerca de dez voluntárias. O grupo se reúne durante a trezena para produzir os docinhos, que são feitos de acordo com o volume de doação de ingredientes na Basílica. "A gente não fala que vende. A gente pede uma doação e, em troca, a pessoa recebe um Santo Antoninho. A cada R$ 10, a pessoa ganha um. Tudo é feito com ingredientes doados e com a ajuda da comunidade", disse. O número de unidades depende da quantidade de ingredientes doados e da disponibilidade de voluntárias. Este ano, a expectativa é ultrapassar 700 docinhos. Grupo 'Abelhinhas de Santo Antônio' faz docinhos no formato do santo padroeiro de Vitória, Espírito Santo. Arquivo pessoal E a ideia de expandir o conhecimento sobre o docinho também deu certo. Algumas voluntárias da trezena conseguem garantir uma renda extra ao longo do ano com a venda de 'Santo Antoninhos" para noivados e casamentos. O colaborador voluntário da Basílica de Santo Antônio, Michel Pessoa, explicou que iniciativas como essas são muito importantes. A Igreja Católica tradicionalmente busca envolvimento com a comunidade, e com o santuário não é diferente. "A gente precisa voltar no tempo e lembrar que a construção da Basílica de Santo Antônio foi essencialmente feita com a mão de obra de voluntários, A Igreja Católica em si tem essa tradição. Então, iniciativas como essa, ainda mais partindo de uma devota da comunidade, são muito importantes. Já virou tradição e as pessoas chegam procurando o chocolatinho nesse período", disse Pessoa. Fé e gratidão A aposentada Marinalva Silva Monfardini aprendeu a fazer o doce e começou a integrar o grupo das abelhinhas em 2022. Desde então, já recebeu encomendas do casamenteiro. "No dia a dia, eu faço faxina, mesmo aposentada, porque não dá para ficar em casa parada. [...] Eu aprendi a fazer o docinho no grupo e já recebi encomenda, de gente que queria dar como lembrancinha de casamento e aniversário", contou. Devota transforma fé em fonte de renda para mulheres com docinhos em formato de Santo Antônio, em Vitória, Espírito Santo. Arquivo pessoal Marinalva é devota de Santo Antônio há mais de 30 anos, quando foi morar no bairro de mesmo nome. Ao longo do ano, participa do canto da Basílica e sempre auxilia cozinhando para as festas, como a trezena. "Eu me identifico com o que Santo Antônio fazia. Ele gostava de ajudar e eu também gosto. Faço parte do canto da igreja durante o ano inteiro, nas festas, como na trezena, faço, mingau, canjica, broa... Sem contar que eu sempre falo que foi Santo Antônio que escolheu o meu marido para mim, porque conheci ele quando vim morar aqui", revelou Marinalva. Além de ajudar a manter a Basílica e criar oportunidades de renda, o Santo Antoninho também virou símbolo de fé. As abelhinhas voluntárias contam que recebem muitos retornos positivos, relatos de pessoas que conseguiram bênçãos, namorado, noivado e casamento. A aposentada Maria Cláudia Ferreira compra os docinhos há cerca de seis anos e contou que tem mais de um motivo para isso. "Compro todo ano e já entreguei mais de uma vez para minha filha e para as amigas, duas delas até já se arrumaram. Uma foi muito rápido, menos de um ano depois de ganhar o docinho já estava com um namoro sério, morando junto, e hoje tá casada. Mas, apesar dessa brincadeira de dizer que é para 'desencalhar', claro que o objetivo maior é ajudar a basílica. E, além disso, o docinho é muito gostoso, vale a pena", disse Maria Cláudia. Lucas Damiani, filho da servidora pública Adila, formou em medicina em fevereiro de 2025. Arquivo pessoal E lembra do filho que foi o motivo inicial da promessa de Adila? Lucas se formou em Medicina em fevereiro deste ano e está atuando na área. De acordo com a mãe, é um médico atento, cuidadoso e muito inteligente. "Consegui meu objetivo, mas os docinhos vão continuar", garantiu. Trezena de Santo Antônio A Basílica de Santo Antônio, em Vitória, começou a ser construída em 1956 e foi concluída em 1976. Seu projeto arquitetônico foi inspirado na Igreja de Nossa Senhora da Consolação, na Itália, com estrutura em cruz grega, cúpula central e quatro semicúpulas. A basílica mede cerca de 60 metros de comprimento por 43 metros de largura, sendo uma das maiores igrejas da cidade. Basílica de Santo Antônio, em Vitória, Espírito Santo. Felipe Mota/Fly Now Em 2008, recebeu do Vaticano o título de "Basílica Menor", reconhecimento dado a templos de grande relevância espiritual e artística. O interior conta com afrescos italianos e vitrais que reforçam sua importância cultural e religiosa. De acordo com Michel Pessoa, a festa da Trezena de Santo Antônio é o evento mais importante do ano para a comunidade, é através dele que são feitos, por exemplo, o pagamento dos funcionários ao longo do ano. Em 2025, o tema da trezena é "Santo Antônio, Peregrino da Esperança". Nesta sexta-feira (13), último dia de celebração, vão ocorrer missas às 8h, 10h, 12h, 15h e 19h. Assim como em todos os dias da festa, o pátio do santuário vai contar com barraquinhas com comidas juninas típicas e lojinha. O docinho das abelhinhas vai estar sendo vendido, é a última chance para comprar. Devota transforma fé em fonte de renda para mulheres com docinhos em formato de Santo Antônio, em Vitória, Espírito Santo. Redes sociais LEIA TAMBÉM: Sucesso nos anos 2000, telemensagens apostam em ferramentas digitais e viram novo negócio para empreendedores Rua Namora Comigo? Conheça local que teve nome alterado no Google e saiba como você pode 'batizar' endereços Dia dos Namorados aumenta procura por flores e aquece produção no ES Santo Casamenteiro e padroeiro de Vitória Santo António é conhecido como o 'santo casamenteiro', principalmente, devido a relatos de que ele ajudava moças pobres a obterem o dote necessário para se casarem, facilitando a realização do casamento. O santo é também padroeiro da capital, além de Nossa Senhora da Vitória. Quando os colonizadores portugueses chegaram à região, chamada de Ilha do Mel pelos nativos, batizaram a terra de Ilha de Santo Antônio, nome repassado posteriormente ao bairro que, atualmente, é um dos mais antigos e tradicionais da cidade. Vídeos: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2025/06/13/com-fe-e-acucar-devota-transforma-promessa-em-tradicao-com-doces-em-formato-de-santo-antonio.ghtml


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