Assistente social relata transformação após acolhimento de bebês; conheça o programa
27/10/2025
(Foto: Reprodução) Assistente social divide rotina com acolhimento de bebês afastados da família no interior de SP
Ana Klipper/Unsplash
A assistente social Maria dos Anjos (nome fictício), de Sorocaba (SP), acorda todos os dias às 6h. Na rotina, uma nova função: levar as crianças na creche. Embora o filho mais velho dela tenha 19 anos, a atividade voltou a ser obrigatória depois que ela se inscreveu no programa Família Acolhedora, que leva crianças em vulnerabilidade a um lar até que sejam adotadas.
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O programa foi aprovado por força de lei em 2019, e instituído como programa efetivo da Prefeitura de Sorocaba em 2022, por meio da Secretaria da Cidadania (Secid).
Maria acolheu dois irmãos, de dois e três anos. Para ela, a mudança não representa uma dificuldade, e sim um motivo de gratidão. "São muitos benefícios, atendimento individual, vínculo afetivo, viver em ambiente seguro, ter uma família de referência, desenvolvimento saudável, memórias afetivas importantes, entre outros", afirma.
A presença das crianças no dia a dia da família trouxe benefícios, segundo a assistente social. Maria dos Anjos conta que a experiência fortaleceu os vínculos familiares.
"Percebemos a nossa família mais fortalecida e nossos filhos sensibilizados com essa ação. Acredito que isso seja um exemplo para eles e que, futuramente, eles possam acolher também. Fazer parte do programa não beneficia somente a criança, mas também a família que está acolhendo. Acreditamos neste programa que transforma vidas de crianças e adolescentes”, lembra.
Desafios e preparação
Segundo Maria, uma das principais dificuldades é o processo de adaptação, tanto das crianças quanto da família. “Os principais desafios enfrentados ocorreram, sobretudo, na primeira e na última semana do acolhimento. A semana inicial exige sensibilidade, compreensão e paciência", comenta.
"Já a semana final é especialmente delicada devido ao momento da despedida, que representa uma etapa emocionalmente significativa para todos os envolvidos. Esse momento é cuidadosamente preparado pela equipe técnica, desde a fase de capacitação até a efetiva concretização da despedida, visando garantir que ocorra de forma respeitosa e menos dolorida", acrescenta.
Esta é a segunda vez que a assistente social acolhe crianças pelo programa Família Acolhedora. O primeiro, em 2024, foi de um bebê de nove meses. “A mudança mais significativa é em relação ao horário da creche das crianças, considerando que temos horário fixo e levá-las e buscá-las.”
Sobre o programa
A promotora Cristina Palma e Ana Lúcia Batista, da Secretaria da Cidadania (Secid), de Sorocaba (SP), falam sobre Família Acolhedora
Marcel Scinocca/g1
Segundo a promotora Cristina Palma, da Promotoria da Infância e Juventude, que ajudou a idealizar o programa na cidade, a ideia é ampliar o número de famílias habilitadas a fazer o acolhimento.
“Nós estamos com muitas crianças institucionalizadas e com a necessidade de abrir mais acolhimento. Não sabemos ao certo o motivo, mas a vulnerabilidade social aumentou. São dados que temos levantado e está aumentando essa necessidade de tirar as crianças dessas famílias”, diz, citando como exemplo o aumento das famílias onde há problemas com violência e drogas.
Segundo ela, o acolhimento é a melhor alternativa. “Nossa ideia é aumentar a capacidade social do programa, aumentar o número de famílias que poderiam receber essas crianças, ao invés de elas irem para o ambiente institucional.”
Ela lembra que o período é temporário, até que a Justiça decida sobre o destino da criança. Outro ponto abordado, diz respeito aos benefícios para a criança, para as famílias e para sociedade.
Ana Lúcia Batista, coordenadora da Criança e do Adolescente da Secretaria da Cidadania (Secid), explica que os interessados passam por um processo criterioso de avaliação.
Ainda conforme ela, não há um período definido para a duração do acolhimento. “O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) determina um período de 18 meses o prazo máximo de acolhimento, mas, às vezes, pode até ultrapassar.” A situação vai depender, por exemplo, da disponibilidade das famílias ou de eventuais decisões judiciais.
Os acolhidos podem ter de zero a 17 anos incompletos e que o processo dura pelo menos dois meses.
Sorocaba tem 140 crianças que estão em instituições, mas que, segundo Palma, podem viver em lares estruturados. A cidade tem ainda 12 crianças com 11 famílias acolhedoras. Outras dez famílias estão aptas a escolher.
A família que acolhe não tem contato com a família biológica da criança ou do adolescente, e vice-versa.
Como participar
Para as famílias aprovadas no programa, a Prefeitura de Sorocaba oferece uma bolsa-auxílio mensal no valor de um salário-mínimo por acolhido. Os requisitos para participar são:
Pelo menos 21 anos;
Residir em Sorocaba há no mínimo um ano;
Não possuir interesse em adoção;
Apresentar boa saúde física e mental:
Não ter antecedentes criminais;
Participar das capacitações ofertadas pela equipe.
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Pessoas que estejam interessadas em conhecer mais sobre o serviço e o trabalho voluntário podem entrar em contato pelo WhatsApp: (15) 99101-4772 ou presencialmente, de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h, na Avenida Armando Sales de Oliveira, 241, no bairro Trujillo.
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